É, amigos !!! Que jogo !! Confesso que quando sentei para assistir a Vasco e Internacional, ontem à noite no São Januário, pensei que tomariamos uma goleada histórica dentro do nosso próprio estádio. O momento era deveras propício a isso, o Internacional, nitidamente, tem uma equipe melhor que a do Vasco; o Vasco passa por uma crise interna, administrativa e financeira muito grande; o Celso Roth assumira a equipe a pouco mais de uma semana e, por fim, não tínhamos a presença do nosso torcedor (2786 pagantes, onde pelo menos 70 ou 80 eram do time gaúcho).
E minha teoria começava a se firmar com o início da partida, o Inter não era o time mais organizado do mundo, mas chegava de forma muito mais incisiva à defesa vascaína, o Vasco errava muitos passes na intermediária ofensiva, possibilitando as jogadas rápidas com o perigosíssimo Walter, também com o lateral Nei (que me surpreendeu) e a aproximação de Sandro e Andrezinho.
Dentro dessa leitura, o jogo se encaminhava para um 0 x 0 no primeiro tempo, que seria um placar justo talvez, já que o Inter havia produzido mais que o Vasco, mas também não foram chances contundentes. Mas, para a surpresa dos espectadores, o Inter foi eficaz, chegou ao gol aos 38, Andrezinho partiu para a jogada individual, pela direita da grande área, ele cortou para o pé esquerdo e bateu. O chute não teve tanta força, mas a bola desviou em Elder Granja pelo caminho e entrou. Dois minutos depois, um erro na saída de bola custou caro ao Vasco. Num contra-ataque rápido, Alecsandro e Andrezinho trocaram de função. A assistência ficou por conta do centroavante, que deixou o meia na cara de Fernando Prass. Um leve e bonito toque por cobertura matou o goleiro: 2 a 0.
E agora, o que pensaram todos os vascaínos do Brasil, inclusive eu e Celso Roth ? Já era, vamos tomar aquela goleada, e agravar mais ainda crise. Mas o futebol é um esporte dinâmico e surpreendente, talvez por isso seja seguido por tantas pessoas, e apaixone a ponto de mesmo na situação de um time tomando 2 a 0 dentro de casa, jogando muito mal, errando tudo que fazia, possamos ainda assim acreditar em uma reviravolta. E foi o que aconteceu na noite de ontem. Mas como isso aconteceu ? Como seria possível o time limitado do Vasco da Gama reverter essa situação ? A resposta é simples, jogando com garra, como se aquele fosse um jogo final, uma decisão e que só faltavam 45 minutos para definir-se quem era o melhor. E o Vasco entrou no segundo tempo com outra postura, e com uma alteração tática (que muitos criticariam à primeira vista), mas que definiu a mudança de estilo de jogo, a entrada do contestado e sofrido por contusões Jeferson. Esse foi o ponto chave para a mudança, o meio de campo passou a ter mais poder de criação, mesmo que ainda um pouco desordenado, errando passes, mas já tínhamos mais posse de bola e aos 4 minutos, Elton recebeu passe na entrada da área, trombou com Sorondo para dominar e girou o corpo. O camisa 9 acertou um lindo chute de esquerda, no ângulo de Pato. Gol para tentar encurtar o caminho da reação. O bom momento gerou nova mudança. Dodô entrou no lugar de Souza com a ordem de auxiliar na armação, o que foi outra grande alteração do nosso comandante Celso Roth. O Vasco passou a atacar mais, se expondo mais um pouco, mas pressionando o Inter, mesmo que de forma estabanada às vezes. Aos 18 minutos, Fabiano Eller (ex vacaíno, mas jogando no Inter atualmente) foi expulso, e aí o ponto crucial no jogo, o técnico uruguaio Fossati tirou o Walter (o atacante mais perigoso colorado) para recompor a zaga. Aí o jogo ficou tendencioso a uma vitória do Vasco, já que não precisava tanto se preocupar com a parte defensiva. O Ernani, lateral esquerdo muito criticado pela torcida, que havia entrado no lugar de Ramon, entrou até bem, se precipitava um pouco em alguns chutes ou passes, mas participou mais positivamente que o ex colorado. Em um desses lances, Ernani tentou invadir a área, encarou a marcação de Nei e se jogou sobre a linha. O árbitro Heber Roberto Lopes viu pênalti. Depois de dois minutos de reclamação vermelha, Philippe Coutinho cobrou com categoria e sem paradinha: 2 a 2.
Incrivelmente um jogo, praticamente, perdido estava tomando outro caminho, o Vasco acabou pressionando o Inter, em lances não tão agudos, mas tinha o domínio da partida, a não ser pelos poucos contragolpes do time gaúcho que levavam algum perigo. De tanto pressionar, aos 38 minutos Coutinho avançou pela direta e rolou para Nilton na entrada da área. O chute do volante, de esquerda, foi morrer no ângulo de Abbondanzieri. Golaço daquele que foi muito criticado por ter falhado na derrota para o Avaí, no fim de semana. Estava lá no placar do São Januário, Vasco 3 x 2 Internacional, era inacreditável, era quase impossível pensar nessa hipótese pela conjuntura, mas provamos que somos "o time da virada, o time do amor". Amor que levou o Vasco à sua primeira vitória, o Vasco não abaixou a cabeça, sentiu que poderia fazer diferente e fez. Foi um momento muito emocionante, talvez o mais de todo o Campeonato até agora. São 3 pontos, meus caros, o Vasco sai da incômoda zona de rebaixamento, mesmo sendo cedo ainda.
É necessário ressaltar que não é porque vencemos a peleja, que jogamos muito bem, demos show, etc... nada disso, foi um jogo pegado, com muitos erros nossos, mas temos que dar um voto de confiança a nossos guerreiros, Dedé fez uma ótima partida; Cesinha não comprometeu, deu bico na hora que tinha que dar bico; Coutinho jogou muito bem na segunda etapa, foi um maestro para conseguirmos a virada; Nilton jogou com muita raça; Elton deixou o seu, de linda feitura e Rafael Carioca organizou, roubou bolas importantes, foi uma excelente peça no time. Nem tudo está perdido, a lição é essa, mas o time tem que continuar trabalhando, temos uma partida difícil contra o Botafogo, e não podemos achar que ganhamos alguma coisa, o time precisa de reforços, disso não tenham dúvidas. Mas essa vitória lavou a alma do torcedor vascaíno, e dará tranquilidade para o grupo trabalhar.
Um grande abraço, e até mais !!!

Fonte estatística: Netvasco